As mulheres que entraram no Cangaço vieram de famílias humildes da zona rural de Sergipe e Bahia. Pernambuco contribuiu apenas com Dadá. A maioria veio espontaneamente depois de 1930 juntar-se ao famoso grupo andante participando das correrias, dos perigos, das vitórias, das dores e das tristezas. Ao mesmo tempo, elas levaram suas alegrias, belezas e juventude ao bando contribuindo para deixar a vida dos cangaceiros mais leve e feliz.
Quais os motivos? A fama de Lampião e dos demais cangaceiros de valentes e ricos atraíam. A vida de liberdade, de aventura, da rebeldia, da riqueza e, sobretudo, para se livrar da opressão machista familiar eram as razões principais. Um versinho passou a ser cantado em todo Sertão: “ As moças do São Francisco/Não penteiam o cabelo/ Só vivem na janela/ Namorando os cangaceiros…”
Com a entrada de Maria Bonita, a primeira, Lampião subverteu a ordem social do Cangaço e elas passaram a fazer parte dos códigos de éticas, dos costumes e do imaginário popular, do universo cangaceiro. Muito jovens, com as idades de 14 a 21 anos ficaram conhecidas pela beleza e entraram na história.
Maria Bonita, Dadá, Enedina, Dulce, Sila, Adília, Lídia, Maria, Durvalina, Mariquinha, Cristina, Neném, Eleonora, Inacinha, Leonora, Otília etc. Será que elas fizeram uma revolução feminina nos anos 30? Na época o lugar da mulher não era na sala e elas desafiaram esse tempo o tempo todo, nas caatingas, entre mandacarus, cactus, facheiros, quipás, na chuva, no frio, no sol, de dia e de noite em nome da liberdade?
Prezada Andreia Lira,
O jornal citado pode ter publicado isso, mas não condiz com a verdade. Sabe o motivo? Porque as mulheres do bando não atiravam, não participavam dos entraves com a polícia e nem usavam rifles. Só um revólver na cintura para dar alarme em casos de perigo. Portanto, jamais, foram amazonas, guerrilheiras como confundem alguns. E mais: a maioria entrou no Cangaço para acompanhar seus maridos (algumas casadas), ou seus namorados, sem ideologia política, pois os cangaceiros não tinham, nem mesmo Lampião. A briga era com a política, outro viés. Volte sempre!