Só acreditei, porque li. A revista Veja, edição 2610, na página 92, traz matéria de causar espanto. O texto é de João Batista Jr, que não teve o menor cuidado ou curiosidade em pesquisar. Entre tantas leviandades, ele afirma que Maria Bonita e Lampião nunca tiveram filhos! E Expedita? A filha do casal que está viva e lúcida em Aracaju?. É ficção? Ela é viúva, tem quatro filhos, duas netas e todos vão bem obrigada.
Achou pouco? Uma foto de página inteira de Maria Bonita com Jurity (um dos cangaceiros) postada como fosse Lampião e a legenda Pioneira do Crime. E foi? Que crimes ela cometeu? Quem pesquisa e escreve sobre Cangaço sabe que ela nunca matou ninguém, nem saqueou, nem arrancou orelha das mulheres. Isso só aconteceu em documentário de TV. Esse João, autor da matéria, não tem noção do tempo, pois escreve que Lampião nos anos 20, já aterrorizava o Nordeste e estava na Bahia. Como, se nessa época, ele engatinhava no Cangaço? É muita história mal contada que lembra uma musiquinha de Carnaval – “É de fazer chorar:…”
O repórter para dizer essas maravilhas, diz se basear nos livros de Adriana Negreiros e Wagner Barreira, ambos lançados recentemente. Os autores são paulistas e, pelo jeito, só agora se interessaram pelo Cangaço. O livro de Negreiros, não consegui ler todo. Parei quando está dito que Maria Bonita tocava bandolim na caatinga e que, por sua vez, aprendeu com Lampião…tive medo do que poderia vir adiante. O de Barreira, ainda não li, mas acredito que seja menos nocivo porque ele teve a preocupação de pesquisar in loco e tinha vontade de acertar.
Imagino como deve estar a família Ferreira, especialmente Vera, a neta do casal mítico, vendo tanta irresponsabilidade publicada nos últimos anos. Ela luta como uma leoa para preservar a biografia correta dos avós. Ela sofre quando algumas criaturas passam dos limites comprometendo a história. Um abuso. Digo sempre que Cangaço não é para amadores. Parem, senhoras e senhores!
Em tempo: a foto é de Expedita, filha única de Maria Bonita e Lampião.
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