Ainda era bem cedo quando Rosalva andava com certa dificuldade e cuidado para não derrubar os baldes com água que apanhara na cacimba a cinco quilômetros de casa. Levava um na cabeça e dois em cada mão. Coisa de equilibrista. A moça tinha intimidade com esse serviço, pois era sua obrigação de todos os dias. E ainda conseguia cantarolar. Geralmente tinha companhia, mas nesse dia, ela voltava só e seu canto foi interrompido quando dois homens surgiram na sua frente. Rosalva estremeceu. Reconheceu que eram cangaceiros.
Assustada, jogou os baldes no chão e saiu em disparada e os cangaceiros atrás. Os homens não alcançaram a jovem logo, pois com 16 anos, tinha agilidade e força nas pernas. Presa pelos dois, não tinha como resistir. Foi desvirginada por eles. Terminado o ato, ela não pensou duas vezes e disse em tom decidido: “vou com vocês! Não adianta voltar para casa, pois ninguém vai se casar comigo. Estou perdida”. Os cangaceiros relutaram em aceitar a inesperada companheira, mas não havia outro jeito.
E foi assim, que Rosalva entrou no bando. Sua tarefa era fazer o apanhado, ou seja, recolher os objetos furtados e dividir com o grupo. E numa dessas vezes, ao entrar numa casa invadida, Rosalva se deparou com uma mulher grávida ensandecida, que partiu para cima dela com uma faca e cortou feio o seu braço. Rosalva gritou de dor, e o cangaceiro Roxinho tentou socorrer a companheira chutando a faca. Viu então, que a agressora estava grávida e entregou a arma dizendo – mate a vagabunda! Rosalva, sabia que a ordem era para ser cumprida, mas a grávida gritou rogando pragas.
Demonstrando mais uma vez, determinação na hora do desafio, a cangaceira pegou a arma a apontou para a própria cabeça e disparou. Morreu por não conseguir matar.
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