Assistir as aulas em lugar separado dos colegas sem estar com doença contagiosa na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e mesmo assim, só depois de um decreto-lei de D. Pedro II datado de 19 de abril de 1879. Foi e preço que Rita Lobato, uma gaúcha nascida na cidade do Rio Grande, em 7 de junho de 1866 pagou para ser a primeira mulher brasileira a formar-se em medicina e a segunda na América Latina. O preconceito da época era muito forte, inclusive entre colegas e professores.
A corajosa Rita terminou o curso na Faculdade de Medicina da Bahia, em Salvador, em 1887, mas ali podia sentar-se ao lado dos colegas como “gente” e aos poucos conseguiu circular normalmente na sala de aula. Com a tese “Operação Cesariana”, ficou especialista em ginecologia e pediatria. Diplomada, retornou para seu Estado onde começou a clinicar em Porto Alegre, mas mudou-se para Rio Pardo onde se casou com seu namorado de infância com quem teve a filha Ísis. No hospital onde trabalhava enfrentou novamente o preconceito dos colegas homens.
Resolveu aperfeiçoar sua especialidade em Buenos Aires, estagiando em hospitais e fazendo cursos. Retornando ao Rio Grande do Sul, clinicou de 1910 a 1925 em Porto Alegre. Com a abertura do voto feminino, doutora Rita ingressou na política conseguindo outro pioneirismo em sua terra: vereadora pelo Partido Libertador. Mas seu mandato durou até 1937, pois foi cassado pelo Estado Novo de Getúlio Vargas.
Voltou a clinicar por muitos anos e, 1950, com 84 anos, recebeu diversas homenagens dos conterrâneos em reconhecimento ao seu pioneirismo, coragem e trabalho. Morreu em 1954 em Porto Alegre. Entrou para a história da medicina do Brasil.
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