Escritora, jornalista, diretora de teatro, tradutora, desenhista, cartunista e militante política. Foram algumas das atividades dessa mulher que conseguiu revolucionar e escandalizar o seu tempo. Patrícia Galvão, uma paulista nascida em 1910, conhecida, como Pagu, que até hoje dá o que falar.
Inteligente e, sobretudo precoce em todos os sentidos, iniciou sua vida sexual aos 12 anos. Aos 14, engravidou e abortou. Aos 15 anos, começou a colaborar com jornais e revistas fazendo charges. Seu jeito irreverente e desbocado, encantou o casal intelectual Oswaldo de Andrade e Tarsila do Amaral. Pagu, “tem os olhos moles, de fazer doer”, dizia o poeta Raul Bopp.
E foram esses “olhos moles” que conquistaram o escritor Oswaldo de Andrade, que deixou Tarsila para casar com a menina inquieta, no Cemitério da Consolação, em São Paulo, diante do jazigo da família Andrade para espanto da sociedade.
Causou perplexidade ao se filiar ao Partido Comunista por influência de Carlos Prestes. Presa 23 vezes por questões políticas, mas abandonou o partido. Entrou numa fase intelectual traduzindo Kafka e Ionesco quando no Brasil eles eram ainda desconhecidos. Tida como agitadora e despudorada, bem como anarquista, se meteu em conflito com trabalhadores do Porto de Santos. O episódio recebeu críticas até o PC. Foi presa. Solta, viajou para Europa e conseguiu entrevistar Freud.
De volta ao Brasil, separou-se de Oswaldo de Andrade, para casar com o jornalista Geraldo Ferraz. Candidatou-se a deputada, mas perdeu. Na opinião do jornalista Ribeiro Neto, Pagu foi uma figura icônica que, conseguiu escandalizar seu tempo. Foi ainda precursora da figura punk, usando roupas transparentes, saias curtas, olhos escandalosamente pretos, boca pintada de roxo, cabelos desalinhados, de “pestanas pintadas” e ainda fumava em público. Gostava de provocar.
Pagu, morreu de câncer aos 55 anos de idade no Brasil e deixou um filho chamado Rudá.
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